Às vezes me pego olhando pra Manuella dormir, sentindo aquele misto de ternura e culpa — porque, ao mesmo tempo, já estou pensando nas mensagens que preciso responder, nas coisas que preciso resolver, na planilha que precisa fechar, na casa pra arrumar.
Ser CEO, esposa, mãe, dona de casa: parece que cada papel é um universo que exige tudo — energia, perfeição, presença, entrega. E por mais que você ame cada parte, existe uma cobrança invisível (às vezes explícita) que mexe com a gente.
🌀 O giro de pratinhos que não para
- Expectativas externas: de clientes, da equipe, da sociedade. Ser “boa” em tudo — em liderar, em ter ideias inovadoras, em dar atenção plena à família, estar “arrumada” — mesmo quando o dia começa às 6h com mil ideias na cabeça.
- Expectativa interna (essa é pesada): aquela vozinha dizendo “poderia ter feito melhor”, “se não der certo, foi culpa minha”, “ela merece que eu esteja presente”. A culpa e a vontade de ser excelente em todos os papéis pesa — e meu peito às vezes dói de tanta cobrança.
- O relógio vira inimigo: reuniões que atrasam, imprevistos que zeram plano, pouco tempo pra respirar — e cada minuto “perdido” vira dor.
💡 Como tô tentando dar conta sem me perder
Não tenho deslanchado mil fórmulas mágicas, mas compartilho o que tem funcionado pra mim — talvez ajude você que lê:
- Mapa mental das prioridades
Todo começo de semana (às vezes até todo dia), eu paro e decido: “isso, eu tenho que fazer; isso, posso delegar; isso, vou deixar passar.” Isso ajuda a tirar do automático e focar no que realmente precisa. - Delegar é libertador
Aprendi a confiar mais: à equipe, à casa. Se eu tentar segurar tudo, caio de exaustão — ou pior, perco a conexão com a família ou me desgasto demais. Delegar é um exercício de humildade e coragem. - Pequenos rituais que recarregam
— tomar um açaí assistindo Netflix
— ir para academia, mesmo não querendo
— desligar do trabalho ao final do dia, mesmo que ainda sobrem demandas. - Aceitar que o “bom o bastante” já pode ser vitória
A perfeição é inimiga do progresso. Vou tentando — em ser presente com Manu, em dar o meu máximo na empresa, em cuidar de mim — mas aprendendo que “feito com amor e intenção” já traz valor, mesmo se não for impecável. - Dialogar abertamente com quem convive comigo
Esposa, mãe, sócia — todos precisam saber como está, como posso ser apoiada. Sem esconder que me sinto exausta ou insegura. O diálogo alivia a carga invisível.
🌱 Lembrança que me sustenta
Nada disso “resolve tudo”. Ainda me pego chorando por sentir que deixei algo cair — uma tarefa, um abraço, uma ligação. Mas o que me dá chão é pensar na Manu, no porquê de tudo isso: não é pra provar ao mundo, é pra construir algo significativo, pra inspirar quem está ao redor — pra ela ver que mulher, mãe, empresária pode, sim, ser muitas coisas sem se deixar desmanchar em mil fragmentos.
Cada dia é novo. Trabalho, tropeço, aprendo. E mesmo quando o cansaço aperta, lembro que o propósito vale — vale levantar cedo, vale tomar decisões difíceis, vale sonhar.
