Você já sentiu seu próprio corpo sussurrar – ou gritar – que não aguenta mais? Que cada tarefa virou peso, cada pensamento custa, cada manhã parece um obstáculo? Pois bem: foi exatamente esse grito silencioso (e depois ensurdecedor) que me fez investigar o que estava por trás desse desgaste todo.
O aviso nos exames
Eu nunca fui de ignorar dores, tonturas ou aquela fadiga que te empurra pra cama quando a noite ainda nem chegou. Mas, desta vez, senti algo novo: exaustão crônica, desânimo profundo, concentração de passarinho. Cada reunião, cada tarefa, cada detalhe me consumia.
Decidi então fazer um check-up completo — exames periódicos como hemograma, ferro sérico, ferritina, vitamina B12, entre outros. O resultado veio com a franqueza de um golpe: ferro baixo, ferritina abaixo do ideal. Ou seja: meus estoques internos estavam vacilando. E isso explicava o caos interno.
Com esses resultados em mãos, fui ao médico. Minha história de cansaço extremo, falta de vontade para as coisas, dificuldade de foco, tudo aquilo encaixava no quadro de deficiência de ferro — também chamada ferropenia ou, em casos mais graves, anemia ferropriva.
A escolha do Noripurum endovenoso
Foi então que minha médica indicou uma estratégia mais agressiva: aplicação de Noripurum IV (na veia), semanalmente. Essa é uma forma de “burlar” as limitações da absorção intestinal, entregando ferro direto na corrente sanguínea. Segundo a bula e orientações técnicas, o Noripurum EV (endovenoso) deve ser administrado somente por via endovenosa (nunca muscular) e com atenção à diluição e velocidade de infusão, para evitar efeitos adversos.
No meu caso, comecei com 1 sessão por semana, e continuarei por um período – claro, tudo sob supervisão médica. Na primeira aplicação, meu corpo parecia agradecer, como se fosse um jardim que recebesse água depois de secar.
É importante reforçar: essa estratégia não é “remédio mágico” para todo mundo, nem autoindicável. Quem tem deficiência leve pode responder bem ao ferro oral (com cuidados de alimentação, absorção, inhibidores/estimuladores de absorção). A via intravenosa entra quando há quadro grave, má absorção, efeito insuficiente do tratamento oral ou necessidade de resposta rápida.
A transição: do caos para pequenas constâncias
Agora, comecei a sentir pequenas mudanças sutis: menos peso nos músculos, um fio de energia voltando, menos neblina mental. Nada mágico da noite pro dia, mas uma readequação lenta — meu corpo aceitando o ferro novo, reconstruindo.
Para ajudar esse processo, adotei alguns aliados:
- Suco de beterraba diário
Descobri que essa raiz poderosa me ajudava (e ajuda) a dar aquele empurrãozinho: beterraba é rica em nitrato, ferro e outros micronutrientes que podem colaborar com a função vascular e desempenho físico. - Alimentação mais consciente
Tiros certeiros: carnes magras, fígado ocasionalmente, folhas verde-escuras cruas, leguminosas, frutas ricas em vitamina C (que melhoram a absorção de ferro). Evito beber chá ou café junto com as refeições, porque compostos como tanino e cafeína podem atrapalhar a absorção. - Descanso estratégico
Aprendendo que repousar (e dormir bem) já é parte da “receita”. Obrigar o corpo além do limite não ajuda — atrapalha.
O que mudou — e o que ainda está mudando
Hoje, mesmo no início posso dizer: estou mais “eu” do que há meses. A névoa que envolvia meu cérebro está menos densa, o desânimo está em recuo, a vontade de fazer as coisas volta aos poucos. Claro: ainda tenho dias ruins — ninguém escapa —, mas a diferença é que agora sinto que estou respondendo, não apenas sobrevivendo.
Meus exames de controle vão sendo refeitos periodicamente (hemograma, ferro, ferritina) para monitorar e ajustar doses ou frequência, e daqui algumas semanas tem mais. A meta é restaurar os estoques, permitir que o organismo volte a se autorregular, e caminhar para estratégias menos “forçadas”, conforme for possível.
Avisos, cuidados e autoconhecimento
- Nunca se automedique: tomar ferro, especialmente via intravenosa, sem indicação e supervisão, pode gerar efeitos indesejados sérios.
- Risco de reações: infusões de ferro podem causar reações alérgicas ou efeitos leves como dores ósseas, mal-estar ou febre leve nas primeiras horas.
- É um processo: restaurar o organismo leva tempo. A empolgação inicial é gostosa, mas a constância é quem realmente entrega resultado.
- Ouça seu corpo: se a exaustão voltar com força ou outros sintomas surgirem, informe ao médico. Isso pode indicar novas causas (inflamações, perdas sanguíneas etc).
“Noripurum na veia: corpo pedindo socorro” não é apenas um título dramático. É a narrativa sincera de quando o organismo emite sinais de fragilidade e exige intervenções mais ousadas. E é também um convite para que você, que lê, fique alerta: saúde não espera. Cuide dos seus exames, investigue quando o corpo reclamar, mas, acima de tudo, busque caminhos com segurança.
